Uma nova tentativa

Como comentei no último post, meu aborto não teve uma razão aparente e compartilhei com meu médico a sensação de que talvez  eu tenha “mini-gestações” que não evoluem (e a última, por sua vez, foi a que mais evoluiu).

Ele pediu para conversarmos pessoalmente e lá fomos nós.

Falando de uma possível incompatibilidade:

Ele revisou meus exames genéticos (lista no final do post) e realmente estão todos sem alteração. Por este fato, não há necessidade do meu marido fazer os mesmos exames, apenas um deles chamado Cariótipo Banda G. A chance de dar alguma alteração é de apenas 3%, mas mesmo assim, preferimos pecar pelo excesso e não pela falta (ainda estamos aguardando o resultado).

Em relação a uma possível incompatibilidade sagüínea, é bem como eu suspeitava. Como temos o mesmo tipo sanguíneo (no caso A+), essa possibilidade também é descartada.

Contando que o Cariótipo dele dificilmente terá alteração, o que restou?

A possibilidade do meu corpo espontaneamente estar combatendo os embriões como se fosse um corpo estranho.

Por que isso aconteceria?

Não se sabe ao certo, mas um raciocínio válido é que hoje em dia ficamos tanto (mas taaaanto!) tempo evitando a gravidez que quando a gente finalmente libera, o corpo reconhece como algo estranho, algo que ele não deveria absorver.

O que podemos fazer caso isso esteja acontecendo?

Tem um remédio para trombose chamado enoxoparina sódica (comercialmente conhecido como Clexane ou Cutenox) que, supostamente, ajuda nosso sangue a não “encrencar” com este corpo desconhecido. Uma vez que ele “afina” o sangue e impede que ele “inflame”/ crie anticorpos para combater este corpo desconhecido.

Eu estava no 16º dia do ciclo – tínhamos transado dia sim, dia não – e por isso o médico sugeriu que a gente aplicasse a primeira dose lá mesmo, na tentativa de não perder as chances de sucesso deste ciclo.

E assim estamos agora com um novo remédio em mãos, que não necessariamente nos ajudará a engravidar, mas – caso a gente engravide, pode nos ajudar a manter a gravidez.

Será este o caminho? Será que estamos fazendo a coisa certa?

Estamos seguindo nosso coração e tentando todas as alternativas que estão ao nosso alcance. Além disso, fazendo qualquer coisa para não viver a dor de um aborto espontâneo novamente.

Fico feliz por ter um médico que me ouve, que ouve minha intuição. Que sabe o tamanho da dor de uma mulher na árdua tentativa de ser mãe. Um médico valoriza cada ciclo menstrual como se fosse o único. Que parte para a ação ao invés de falar: “relaxa!” (quer coisa mais irritante do que ouvir isso de alguém, ainda mais de um médico?)

E desta forma pretendemos manter os próximos meses: clexane + amor + sexo + pensamento positivo + acupuntura. E se a vida mandar uma dose de sorte, pode cair muito bem : )


Para quem está buscando informação, os exames genéticos que fiz foram:

Antitrombina III

Protrombina

Fator V de Leiden

Proteína C

Proteína S

Proteína S Funcional

Proteína S Livre

Pesquisa das mutações C677T e A1298C no gene MTHFR

Cariótipo Banda G

 

Uma nova tentativa

Análise Fetal

Após dois meses de vida normal, saiu o resultado do exame do feto (o exame se chama Cariótipo de Restos Fetais e/ou Cariótipo de Restos Ovulares).

Screen Shot 2016-09-28 at 21.48.54.png

Resumidamente, meu bebezinho não tinha nenhuma anomalia cromossômica, era perfeitamente saudável e… era um menininho (ui).

Por um lado, fiquei muito feliz de ver que “fabricamos” um feto saudável, mas por outro bateu aquela enorme frustração… “Já que ele era normal, por que a gravidez não foi em frente?”

Eu já tinha pensado que o exame talvez revelasse o sexo, mas no fundo não estava contando com isso. E doeu pra caramba receber essa informação. Deu mais forma para a nossa perda.

Queixas aparte, enviei o exame para o médico 2 (o mais especializado em fertilidade) e no email eu aproveitei e dividi uma sensação com ele (que agora vou dividir com vocês):

___
Doutor,
Eu descobri que estava grávida por um sangramento no 23º dia do ciclo. Quando engravidei há 10 anos atrás, idem. 
Eu tive esse mesmo sangramento no 23º do ciclo 5 outras vezes nos últimos dois anos. Alguns deles acompanhados de uma menstruação fortíssima, totalmente fora do meu padrão. A ultima vez foi no mês passado: segundo ciclo pós aborto.
Juntando e analisando todas as minhas anotações do ciclo, hoje tenho a sensação de que tive algumas “mini-gestações” ao longo deste tempo e que talvez a questão não é que eu não engravide, mas sim que eu não “segure” a gravidez. 
Você acha que tem mais alguma coisa a ser investigada além do que já investigamos, Doutor?
 
Sabemos que meu útero está ok, endométrio ok, ovário e óvulos ok, esperma do meu marido ok. Mas, por exemplo: Alguma incompatibilidade sanguínea/ genética entre eu e ele poderia causar a não evolução das gestações? Isso apareceria neste cariótipo fetal?
A nossa tipagem sanguínea é a mesma e acho que isso exclui algum tipo de incompatibilidade. Além disso, lembre-se que já fiz diversos exames genéticos (que não deram alteração), mas você nunca solicitou estes estes exames para ele. Existem outras coisas que podemos investigar? Seria o caso?
Se sim, eu marco uma consulta e vamos em frente!  A questão é que eu não sei até onde tudo isso faz ou não sentido.

 

A resposta dele foi a seguinte:

M., achei todas as suas observações muito pertinentes. Venha até o consultório (de preferência com seu marido) e conversamos pessoalmente.


E lá fomos nós para mais uma consulta investigativa.

No próximo post conto como foi!

Análise Fetal

primeira menstruação pós aborto espontâneo

Li alguns casos de mulheres que abortaram e antes mesmo de menstruar já emendaram outra gravidez. Confesso que eu tinha uma ponta (uma pontinha) de esperança disso acontecer comigo, até porque no último ultrassom vimos um folículo enorme, prestes a ovular – a prova de que seria perfeitamente possível isso acontecer. Pois é, mas estes “milagres” não costumam acontecer comigo ; )

De qualquer forma, fiquei feliz que minha menstruação veio super rápido, apenas 25 dias após a expulsão. Então podemos voltar às tentativas na próxima semana.

Passei as duas últimas semanas super bem, forte e positiva. Até que semana passada meu telefone tocou de um número esquisito e era o pra confirmar meu exame morfológico que seria no dia seguinte.

CARACA. Como essa ligação me fez mal!

Me deu a sensação do quão próximos estávamos do tal morfológico e do tão aclamado segundo trimestre e de repente tudo voltou à estaca zero. Não sou mais uma grávida e sim uma tentante.

Chororô aparte, continuo exercitando o pensamento positivo.

Amanhã volto à Acupuntura (eu disse aqui que engravidei com apenas um mês de acupuntura?). Coincidência ou não, aquelas agulhinhas e mãos mágicas estavam me fazendo um bem gigante. E o que faz bem, a gente tem que investir, não é mesmo?

primeira menstruação pós aborto espontâneo

voltando à vida normal

6 dias de sangramento, muita “craca” e muitas lágrimas depois, me sinto bem melhor física e psicologicamente. Preciso fazer mais um ultrassom para ver se não sobrou nada lá dentro. Caso tenha saído tudo, a vida terá (fisicamente) voltado normal mesmo. Inclusive estarei liberada para engravidar a qualquer momento :)

Levar o feto para análise me fez bem um bem enorme no momento presente. Me privou de ficar psicando na internet, procurando os porquês de tudo isso no senhor google.

Conversando com algumas pessoas, descobri tanta gente que perdeu bebê e eu nem imaginava. Pessoas que eu olhava de longe e achava que eram super férteis ou que nunca sofreram nenhum tipo de desgosto na tentativa de ser mãe. Engano meu.

Isso me aproxima da realidade e ajuda a encher o coração de esperança, a manter a positividade em alta, que é minha maior meta no momento.

Meu marido tem sido incrível. Um parceiro doce e carinhoso que não deixou a peteca cair em nenhum momento. No final das contas, tanto a gravidez, quanto a perda uniu muito nós dois. Agora penso que talvez estivéssemos um pouco desconectados antes disso tudo acontecer.

Hoje acredito, de verdade, que tem um bebezinho rondando a gente, querendo entrar pra nossa família. Talvez há dois anos atrás não tivesse, talvez simplesmente não fosse o momento. Mas agora, mais do que nunca, sinto a energia da maternidade presente não só em mim, mas também no meu amor. Como se antes ele quisesse ser pai “da boca pra fora” e hoje essa vontade se tornasse um desejo profundo, uma coisa de alma. Assim como a maternidade sempre foi para mim.

Religiões aparte, sabe aquela história de que Deus escreve certo por linhas tortas? Então…

voltando à vida normal

gestação gemelar?

A médica do ultimo ultrassom disse que parecia haver um segundo saco gestacional no meu útero, o que indicaria uma gestação gemelar, onde um dos embriões não evoluiu.

Vejam a imagem (saco gestacional 1 vazio à esquerda e saco gestacional 2 com embrião a direita): Screen Shot 2016-07-04 at 15.56.28

Quando mandei o laudo para o médico, comentei com ele que ela tinha feito essa observação e a noite ele me respondeu dizendo que tem todo aspecto de um segundo saco gestacional mesmo e que isso era uma baita notícia boa!

Isso mata a charada por completo: um beta hcg alto no início (por conta de 2 bebês) e em seguida não tão alto assim (com a não evolução de 1 deles), fazendo o comparativo dos números não ter sentido algum, ainda mais quando vemos que sim, nosso bebezinho está em perfeita evolução!

Juntando essa informação ao fato de eu sangrar um pouco até hoje (sangue escuro – às vezes mais com aspecto de corrimento caramelo, às vezes com cara de início de menstruação, com alguns coágulos), torna essa hipótese mais forte ainda, uma vez que eu estaria expelindo o embrião que não sobreviveu.

Essa semana tenho retorno com o médico 1 e com o médico 2. Neste momento ainda nos sentimos mais seguros ouvindo a opinião de mais de um profissional. Com as imagens do ultimo ultrassom + laudo + fotos do meus sangramentos em mãos, acredito que chegaremos num veredicto final sobre o ocorrido.

De qualquer forma, a única coisa que me importa agora é que minha gravidez continue evoluindo saudável.

O que passou, passou : )

 

gestação gemelar?

3º beta hcg e o parecer médico

Evolução BetaHCG

Mandei o terceiro beta hcg por whatsapp para o médico, afirmando que praticamente não houve evolução e perguntei se eu podia ter alguma esperança. Um longo dia se passou e a noite ele me escreveu dizendo: “infelizmente não”. Perguntei como proceder, e ele disse que hoje conversaríamos melhor, mas que o ideal seria que meu corpo expelisse naturalmente nos próximos 10 dias.

(Pausa)

Como torcer para que meu corpo se comporte desta forma uma vez que a última informação é que tenho é que carrego um embrião vivo e “saudável” dentro de mim?

Se não há mais esperança, me pergunto: até quando este coração irá bater? Como posso viver bem enquanto isso?

3º beta hcg e o parecer médico

google

Tento, mas não consigo parar de buscar histórias parecidas com a minha.

Apesar de todos os relatos que li sobre a lenta evolução do beta hcg ter sido acompanhada de aborto, todos falam de gravidez anembrionária ou ectópica. Não encontrei nenhuma experiência sequer parecida com a minha, onde apesar do mau indício, nos surpreendemos com um embrião com aspectos completamente saudáveis e um coraçãozinho batendo com apenas seis semanas cravadas.

Se você conhece ou viveu uma história parecida, por favor, comente aqui!

Mãe aflita agradece.

<3

google

6 semanas e um coraçãozinho batendo forte

Screen Shot 2016-06-26 at 4.55.42 PM

Finalmente o dia da consulta chegou.

Eu estava muito aflita e meu marido muito otimista.

Ao sentarmos em frente ao Dr. N. era fácil detectar as diferentes feições. Ele perguntou o porque de tanta ansiedade e entreguei meus exames apontando os do beta hcg e a pequena evolução entre eles. Ele logo disse: “Você tem razão para estar preocupada. Realmente não se trata de uma boa notícia”.

Antes de partirmos para o ultra, ele adiantou as possíveis causas daquilo estar acontecendo. Nenhuma delas foi novidade para mim, mas ouvir de um cara tão experiente, confirmou que minhas suspeitas não eram em vão, além de colocar o meu marido na “mesma página”.

A primeira possibilidade citada é a que ele chamou de “pior dos mundos”: o embrião estar instalado fora do meu útero. Disse que o fato de eu ter uma das trompas obstruídas aumentava bastante as chances de uma gravidez tubária. E que se isso estivesse acontecendo, deveríamos torcer para que ela se encerrasse o quanto antes, que meu corpo expelisse os restos naturalmente, sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica. Caso a embrião evoluísse por mais tempo, me causaria hemorragia, rompimento dos tecidos e um baita mal estar. Que a necessidade de intervenção cirúrgica era muito grande, além do risco de perder a trompa de vez.

A segunda possibilidade, que ele chama de “melhor dos mundos” é o embrião estar instalado no útero, com aspectos normais e até quem sabe, com o coração batendo. Mas que se ainda não estivesse dando para ouvir, seria normal. Aguardaríamos mais alguns dias e faríamos uma nova tentativa, além de continuar acompanhando o beta hcg.

A terceira e “mais realista” opção é que o embrião estivesse menor que o normal, claramente não muito desenvolvido e até mesmo sem vida.

O mundo dentro de mim parecia desmoronar enquanto eu ouvia atentamente tais opções. Perplexa, me dirigi ao ultrassom transvaginal.

Ao inserir o aparelho, logo identifiquei um volume dentro do meu útero. Um mar de alívio veio junto: o pior dos mundos não estava acontecendo!

Ele analisou o aspecto do saco gestacional e do embrião que está medindo 3mm. Ativou o doppler colorido e nos mostrou o coraçãozinho piscando. Em termos de imagem, tudo absolutamente normal para uma gestação de 6 semanas! Caí num choro descontido.

Antes de ligar o som, ele disse que seria absolutamente normal se não fosse possível ouvir o coração, afinal estávamos com 6 semanas cravadas e já foi incrível ter visto o coração batendo. Talvez dois ou três dias antes não teria sido possível.

Assim que ele ligou o som, estava lá o coraçãozinho batendo a todo vapor pra quem quisesse escutar!

“Meu Deus, há esperança!”, pensei.

Ele estava claramente surpreso que tudo estava com aspecto absolutamente normal, mas disse que a pequena evolução do beta hcg continuava sendo uma má notícia. Que em 36 anos de experiência com fertilidade, ele só acompanhou dois casos em que a gravidez evoluiu normalmente.

“Será que estamos dentro deste 1%?”, pensei.

Ele prosseguiu dizendo que não sabe bem explicar o que houve nestes dois casos: se foram apenas exceções a regra, milagres ou se foram gestações que, por exemplo, começaram como gemelares (mais de um embrião) e logo um deles não desenvolveu, deixando resquícios de um beta hcg mais alto, em seguida mais baixo, tornando a medição do beta fora do padrão.

“Neste caso, a imagem não teria mostrado um segundo saco gestacional vazio ou alguns vestígio de um segundo embrião?”, perguntei ao doutor.

Ele disse que não necessariamente. Pois dependendo de quando aconteceu o aborto do segundo embrião, já deu tempo do corpo eliminar qualquer vestígio.

“E quais são os próximos passos?”, perguntei.

Ele me deu duas novas guias de beta hcg. Pediu para que eu colhesse o primeiro deles imediatamente. E que, novamente, “o melhor dos mundos” seria algum dos dois exames estar errado, o meu beta estar bem mais alto indicando uma gravidez absolutamente normal. Que se continuasse aumentando lentamente, passaríamos a monitorar tanto o beta hcg, quanto o ultrassom semanalmente. E que se tiver diminuído, para eu aceitar e esperar o aborto acontecer.

Em relação a esta última opção, tentou me mostrar o lado bom disso: que muitos dos abortos naturais ocorrem porque o embrião não seria um bebê saudável. Que, por exemplo, apenas 3% dos bebês com síndrome de down nascem e, portanto, 97% dos mesmos são expelidos naturalmente pelo corpo. Que caso o aborto aconteça, me apoiar na crença de que foi uma “seleção natural” pode ser um jeito saudável de encarar a situação e que num segundo momento virá um bebezinho em perfeitas condições de vir ao mundo.

Sabendo de todas as possibilidades, corremos para o laboratório para fazer um novo beta, torcendo para que ele tenha quintuplicado.

Mais um dia de longa espera: às 20 horas em ponto sai o resultado: 2751,0 mUi/mL, apenas 6 pontos a mais do beta de 4 dias atrás. Ou seja: sem características de boa evolução.

(Pausa)

Sensação do mundo desabando novamente.

(Pausa)

Talvez alguns de vocês pensem que tudo isso é um exagero. Que são “apenas” 6 semanas de gestação. Que 20% das mulheres perdem o bebê no primeiro trimestre. Que isso é comum.

Sim, é verdade. Mas nem todas as mulheres que perdem o bebê no primeiro trimestre esperaram dois ou mais anos para conseguir engravidar. Nem todas as mulheres que perdem o bebê no primeiro trimestre estavam em vias de realizar o maior sonho de suas vidas.

Mandei um whatsapp pro meu médico com o novo exame e ele ainda não me retornou.

Eu sei que boa notícia não é, mas estou aguardando para entender quais serão os próximos passos e se, de alguma forma, ainda tenho esperança.

Tudo que sei é que até ontem tinha um coraçãozinho batendo forte dentro do meu útero. Que se eu não tivesse feito um segundo beta hcg, teríamos saído do consultório como se tudo estivesse absolutamente normal. Mas algo (intuição, talvez?) me fez buscar checar a evolução do beta para hoje ter essa informação em mãos.

Estou triste, decepcionada, com medo. Buscando ter a serenidade de pedir para que o melhor aconteça, ainda que o “melhor” seja a gravidez não evoluir. Mas se nosso bebezinho for forte e saudável, que estejamos fora das estatísticas e que a vida se mostre maior do que a medicina é capaz de entender e explicar.

6 semanas e um coraçãozinho batendo forte

O tão esperado positivo (e a temida evolução do beta hcg)

Screen Shot 2016-06-23 at 3.59.51 PMParei de tomar pílula há dois anos e este mês meu tão sonhado positivo aconteceu! Confesso que foi uma grande surpresa.

Primeiro achei que tivesse ficado menstruada antes da hora (no 23º dia do ciclo). Depois cheguei a pensar que aquele sangue talvez não fosse menstruação, mas já muito cansada de me frustrar, procurei desviar minha atenção deste fato.

Uma semana se passou e comecei a sentir uma sensibilidade enorme no peito. Sensibilidade esta que começou a aumentar dia após dia até que me convenci a fazer o tão “temido” teste de farmácia, aquele que insistiu em dar negativo nos últimos anos. Só que desta vez foi diferente: uma certeza enorme do positivo já tinha tomado conta de mim, de modo que fiquei observando “ao vivo” a progressão do teste que, em poucos segundos, revelou os tão esperados dois “tracinhos”.

Um choro delicioso veio à tona junto com uma sensação enorme de gratidão, de conexão com a vida e com o universo. Indescritível a alegria de contar para o marido e pensar o quanto nossa vida estava prestes a mudar por completo.

Fomos imediatamente fazer um beta hcg e aproveitei para checar a taxa de progesterona. Os resultados saíram no mesmo dia: 1786,0 mUI/mL de HCG e 10,84 ng/mL de progesterona, indicando 5 semanas de gestação!

Por conta da dificuldade de engravidar, eu passei por tantos médicos nos últimos meses que neste momento fiquei sem saber qual deles procurar primeiro. Então eu fui em quem conseguiu um encaixe mais rápido.

Essa primeira consulta é básica, mas super empolgante. Tivemos um bate papo bem legal sobre o que será nossa vida nos próximos meses. A Dra. me pediu uma série de exames e sugeriu que eu esperasse completar 6 semanas e 3 ou 4 dias para fazer o ultra e, assim, conseguir não só ver o embrião, mas também poder ouvir o coraçãozinho batendo. Apesar da enorme ansiedade, segui a orientação da médica e marquei o ultrassom na data recomendada.

6 dias depois (ontem) fui fazer os exames de sangue e urina que ela havia me pedido. Por conta do tratamento de fertilidade que fiz, eu ainda tinha muitas guias de beta hcg e de progesterona comigo e, na tentativa de aliviar um pouco minha ansiedade, resolvi colher estes dois também.

Eu sabia que se o beta hcg tivesse tido uma evolução bacana, eu ficaria bem mais tranquila e até mais segura para anunciar a gravidez para minha família e para alguns amigos, mesmo antes do ultrassom. Apesar confiante, passei o dia muito ansiosa até os resultados saírem: 2744,0 mUI/mL de hcg e 9,73 ng/mL de progesterona.

Meu coração veio na boca.

Sim, o beta evoluiu, mas li em todo lugar que numa gravidez saudável ele tende a dobrar a cada 48 horas e o meu não dobrou em 6 dias! O progesterona, por sua vez, diminuiu um pouco, ainda que eu esteja suplementando 400 mg por dia.

Escrevi para minha médica (que está fora num congresso) em completo desespero e ela disse disse pra eu ficar calma, pois o importante é que o beta está aumentando. Mesmo assim, um pânico tomou conta de mim. Mal consegui dormir a noite e decidi não esperar mais 8 dias pelo primeiro ultrassom.

Tenho uma das trompas obstruídas e sei das chances de uma gravidez tubária. Tudo que quero no momento é ter certeza de que tem um embrião com aspectos saudáveis instalado no meu útero. Mesmo que ainda não dê para ouvir o coração.

Procurei, então, um outro médico que me atendeu nos últimos meses. Ele é especialista em fertilidade e, talvez por lidar com muitas tentantes, seja mais cauteloso. Do tipo que peca por excesso e não por falta de exames/ informações. Além disso, ele tem ultrassom no consultório e terei a oportunidade de avaliar a situação na mesma hora e com um excelente profissional.

Consegui um encaixe só amanhã. A espera será longa, mas estou aqui praticando o pensamento positivo e pedindo muita saúde e proteção para o nosso “bebezinho”.

 

O tão esperado positivo (e a temida evolução do beta hcg)